segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

A Contribuição Financeira na Igreja Local.

1ªCoríntios 16.1-2: 2ªCoríntios 8. 1-5, 10-12; 9. 7.

 Por Jesué da Silva Andrade.



Este assunto é um assunto muito atacado por Satanás em nossos dias. E infelizmente muito evitado por muitos irmãos. Mas como todo assunto que a Bíblia aborda ele deve ser estudado e praticado da maneira que a palavra de Deus nos orienta.
Não é porque muita coisa errada é falada com respeito a este assunto que devemos deixar de mencioná-lo e estuda-lo. Que o Senhor nos ajude a compreender as verdades necessárias sobre a contribuição financeira na igreja local.

I. A Verdade sobre o Dizimo.

Antes de pensarmos sobre o assunto da contribuição precisamos falar sobre esta questão a questão do dizimo.

1. A palavra “dizimo” significa décima parte, a sua primeira menção é em Gênesis 14. 18-20, depois em Gênesis 28. 20-22, e a ultima vez em Hebreus 7. 1-10.

2. Havia quatro espécies de dizimo em Israel.

1) O dizimo anual que era dado para os Levitas Levíticos 27. 30-33: Números 18. 21, 24, 31.

2) O dizimo dos dízimos, que os levitas tinham que separar para ser dado ao sumo sacerdote, Números 18. 25-30.

3) O dizimo de três anos que era dado especialmente aos levitas, estrangeiros, pobres e viúvas, Deuteronômio 14. 28- 29.

4) O dizimo que foi estabelecido pelos reis de Israel, 1ºSamuel 8. 15.

Nota: Alem dos dízimos o povo de Israel tinha por obrigação, ofertar com:

a) Os primogênitos, Êxodo 13.1-2, 11-13; 34.19: Levíticos 27. 26.

b) As primícias da terra, Êxodo 22. 29: Deuteronômio 25. 1-3: Neemias 10. 35.

c) As ofertas cerimoniais que era no caso os holocaustos, libações, manjares, pacificas, pelo pecado e etc.

d) A oferta alçada, ou levantada, que era para um propósito especifico, Êxodo 25. 1-2, 8-9; 35. 4-5, 10, 20-22; 36. 6-7: Malaquias 3. 8.

3. O Dizimo não é um mandamento para a igreja.

1) As menções de dizimo em Mateus 23. 23: Lucas 18. 12: Hebreus 7. 1-10, não são mandamentos para a igreja pagar o dizimo. Muitos quando contestados que no Novo Testamento não tem uma ordem que manda os crentes pagarem o dizimo. Citam estes textos, porem é forçar uma interpretação, distorcendo as Escrituras Sagradas, para induzir as pessoas a fazer algo que a palavra de Deus não manda.

a) Em Mateus 23. 23, o Senhor Jesus esta dirigindo o seu discurso não aos seus discípulos, mas aos fariseus que eram homens zelosos da lei. E eles neste zelo pagavam o dizimo até das hortaliças. Porem negligenciavam o mais importante da lei, a fé, o amor e a esperança. Eles (os fariseus) deviam sim observar a pratica do dizimo, porque estava na lei, e era para ser obedecido por eles, mas não podiam omitir o propósito moral da lei. Que era levar as pessoas a fé, ao amor, e a esperança. Isto não é um mandamento para todos os crentes dar o dizimo, mas é uma repreensão aos fariseus, que valorizam esta pratica em demasia, mas não valorizava o real sentido da lei.

b) Lucas 18. 12. Certa vez em uma conversa com um “pastor” denominacional ele me citou este texto dizendo que no Novo Testamento havia um mandamento para os crentes darem o dizimo. Eu fiquei preocupado com a distorção que este homem faz, da palavra de Deus, e como muitos que seguem ele estão terrivelmente em perigo de serem enganados. Este texto está dentro de uma parábola onde o Senhor Jesus esta ensinado sobre o perigo de alguém querer se apresentar perante Deus baseado em suas obras de justiça própria. É a parábola do fariseu e publicano, um que apresentou a Deus o que ele fazia e que como isto (na sua concepção) o tornava melhor do que os outros, e uma das coisas que ele fazia era dar o dizimo de tudo quanto possuía. Enquanto o publicano, que era desprezado por cobrar impostos dos seus conterrâneos para o império romano, orou simplesmente pedindo a Deus misericórdia por ser um terrível pecador. A oração do publicano foi ouvida, e a do fariseu não. Isto não é uma ordenança para darmos o dizimo, antes é até um aviso solene. Não adianta dar o dizimo querendo achar que por causa disso Deus será obrigado a ouvir nossas orações, e fazer tudo o que pedimos. Antes basear que dar o dizimo nos levar a uma postura tal onde Deus será obrigado a ouvir nossas orações, é agir como um fariseu. E Deus não ouvira este tipo de oração acompanhada de pretensão orgulhosa, assim como não ouviu a do fariseu.

c) Em Hebreus 7. 1-10, é usado também forçadamente para induzir as pessoas a pagarem o dizimo em suas denominações. Mas o foco da passagem não é ensinar sobre o dizimo, ou mesmo sobre contribuição, na igreja. Mas é tão somente mostrar que o sacerdócio do Senhor Jesus Cristo é maior do que o sacerdócio de Arão. E para ilustrar esta verdade o Escritor de Hebreus, leva aos cristãos hebreus a considerarem este episodio bem conhecidos por eles do Velho Testamento. Se Abraão deu o dizimo a Melquisedeque, porque este era sacerdote do Deus Altíssimo. Reconhecendo assim o seu Sacerdócio, e Arão que era da tribo de Levi, ainda viria a existência como descendente da Abraão segundo a carne. E em Abraão, o sacerdócio levítico reconheceu por alegoria o sacerdócio de Melquisedeque superior ao seu próprio sacerdócio. Então o sacerdócio de Cristo é muito superior ao de Arão, pois Ele é Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. Não é entregar, ou não dízimos que está em questão aqui, mas é o fato de Cristo ser o Sumo Sacerdote, superior ao sumo sacerdote Arão.

2) Nenhum crente que não entrega o dizimo está roubando ao Senhor, o texto de Ml 3. 8 não se pode aplicar a igreja, neste caso teríamos que desconsiderar Romanos 6. 23b: Gálatas 3. 13: Efésios 2. 8.

3) Se a igreja estivesse debaixo da obediência à lei do dizimo, então todos os crentes estariam sofrendo o que está registrado no vs 9 de Malaquias 3, observe Ageu 1. 3-11.Porque mesmo os legalistas defensores da obrigatoriedade do dizimo, não conseguem, e não pagam o dizimo conforme o estipulado pela lei dada por Deus ao povo de Israel, por intermédio de Moisés.

Não importa os que as denominações ensinam, não importa o que digam, ou o que falam nossa responsabilidade, não é com elas. Nossa responsabilidade é com o Senhor Jesus Cristo e com a doutrina dos apóstolos. Em nenhum lugar em Atos vemos a igreja primitiva entregando o dizimo, e em nenhuma das epístolas desde Romanos a Judas vemos uma única ordem para igreja entregar o dizimo.

Alguém já disse que o dizimo poderia ser considerado para o cristão como o mínimo da sua contribuição, ou seja, ele deveria propor em seu coração contribuir pelo menos com o décimo de sua renda. Uma vez que os Israelitas contribuíam com muito mais do que isto, alguém já disse que a contribuição total do povo de Israel era 30% da sua renda bruta.


II. O Ensino bíblico para a contribuição financeira da igreja local.

A primeira menção de contribuição financeira na igreja primitiva é mencionada em Atos 2. 43-44: 4. 32-35. Isto não deve ser entendido como um mandamento. Os apóstolos não pediram isto, não ordenaram isto, era algo que acontecia espontaneamente em relação aqueles primeiros irmãos. E tudo ali era devidamente dividido de maneira que não havia necessitado entre eles.

Porém começou a haver problemas com relação a esta pratica preciosa daquela igreja, Satanás logos atacou este modelo com o caso de Ananias e Safira Atos 5. 1-11 e 6. 1-8: então esta pratica dos primeiros irmãos caiu em desuso no próprio livro de Atos.

Então depois é mencionado uma oferta que os irmãos da igreja em Antioquia enviaram para a igreja em Jerusalém, Atos 11. 27-30.

Onde nós encontramos orientações sobre está questão é nas Cartas do Apostolo Paulo  a igreja de Corinto.

1. Estes princípios são uma ordenança para as igrejas, 1ªCoríntios 16.1, “fazei vós também o mesmo que ordenei as igrejas da Galácia”. Pelo menos quatros igrejas desta região são mencionadas na palavra de Deus, Antioquia da Pisídia, Listra, Icônio e Derbe são as primeiras igrejas formadas através do ministério de Paulo e Barnabé, At 13. 13 a 14. 25. A igreja em Corinto deveria fazer o mesmo que foi ordenado a estas igrejas, e nos devemos fazer o mesmo que a igreja em Corinto, pois esta carta foi dirigida à igreja de Corinto juntamente com todos os santos que todo lugar invoca o Nome do Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso. 1ªCoríntios 1. 1-2.

1) Deve ser no primeiro dia da semana, ou seja, a oferta deve ser recolhida no mesmo dia que se celebra a Ceia do Senhor, 1ªCoríntios 16. 2: Atos 20. 6-7.

a) É individual, ou seja, “cada um”.

b) É particular, ou seja, “ponha a parte”, Mateus 6. 1-4.

c) É conforme a condição, ou seja, “o que puder ajuntar”, “segundo a sua prosperidade”, “segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem”, 2ªCoríntios 8. 12.

2) A oferta deve ser voluntária, ou seja, “Cada um contribua segundo o que propôs no seu coração”. Não há estipulação de preço, quem propõe é o contribuinte e não a igreja. Então não existe base para a igreja exigir, cobrar, impor; determinar:

a) O dizimo.

b) Campanhas para arrecadar fundos.

c) Contribuições para realizar alguma reforma, ou algum evento.

d) Fazer ameaças aos membros da igreja com maldições, ou promessas mirabolantes de prosperidade através de testemunhos forjados.

3) A oferta não deve ser dada com tristeza, se a pessoa sente que ao ofertar alguma de suas contas deixará de ser paga, ou alguma necessidade deixara de ser suprida, e isto lhe traz tristeza em seu coração, então ela não deve ofertar tal valor.

4) A oferta não deve ser dada por constrangimento, ou por necessidade, pois Deus ama a quem dá com alegria. Ou seja, se a pessoa da o valor porque é constrangida devido ao apelo, ou pedido de alguém, ou porque ela viu uma necessidade, o aluguel do salão está vencendo, ou porque a conta de luz do salão está vencida, ela não está ofertando ao Senhor. Então ela não deve ofertar, pois a oferta deve ser dada com alegria, ou seja, algo que traz prazer ao coração, e não sentimento de obrigação, ou de orgulho presunçoso.

5) A contribuição financeira é um ministério, 1ªCoríntios 4. 1-2: 2ªCoríntios 8. 1-4, 16-19; 9. 12-13.
Ministério é serviço, um serviço prestado ao Senhor, e a Obra do Senhor. Cada salvo que contribui com suas ofertas ao Senhor, é um servo de Deus, e seu serviço e igual, ou ate maior daqueles que pregam, ou ensinam a palavra de Deus.

6) A contribuição financeira é a prova:

a) Do nosso amor, 2ªCoríntios 8. 8, 24; compare 1ªJoão 3. 16-18.

b) Da nossa obediência à palavra de Deus, 2ªCoríntios 9.13, compare com Tiago 2. 14-17.

7) É seguir o supremo exemplo do Senhor Jesus Cristo, 2ªCoríntios 8. 9.

8) A contribuição financeira na igreja deve ser realizada somente pelos salvos, batizados e em comunhão.

a) Antes de o Espírito Santo mencionar a partilha dos bens dentre os irmãos da igreja primitiva, Ele menciona a conversão, o batismo, e a perseverança deles na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações. Compare Atos 2. 44-45 com 2. 41-42.

b) Quanto Ágabo profetizou a fome que viria sobre todo o mundo, os discípulos de Antioquia determinaram (propuseram em seus corações), cada um conforme o que pudesse, enviar socorro aos irmãos que moravam na Judéia, At 11. 27-30.

c) O Espírito Santo através do apostolo Paulo ao ordenar a igreja de Corinto sobre a contribuição, da à ordem para o fazê-lo no primeiro dia da semana, pois é o dia em que a igreja reunia para partir o pão, 1ªCoríntios 16.1-2: Atos 20. 7. Se uma pessoa incrédula, ou sem ser batizada, ou em pecado, não é apto para participar da ceia do Senhor, esta também não está apta para contribuir financeiramente com a obra do Senhor.

d) Os macedônios antes de enviar as ofertas deles por mãos do apostolo Paulo se deram primeiramente ao Senhor e depois aos apóstolos, pela vontade de Deus, 2ªCorítios 8. 5. Ou seja, antes de você dar o seu dinheiro ao Senhor, você precisa primeiro dar o seu coração, só assim você estará realmente ofertando ao Senhor. Não adianta da até o salário inteiro para a igreja, se a pessoa ainda não tiver se arrependido de seus pecados, e entregado a sua vida ao Senhor Jesus recebendo Ele como Senhor e Salvador de sua alma.

e) O apostolo João elogiou a Gaio, por ter recebido bem os irmãos que saíram por causa do Nome do Senhor Jesus Cristo, e não aceitaram nada dos gentios (descrentes), 3ªJoão 5-8. Ou seja, estes eram irmãos que haviam saído para o mundo a fora, para pregar o evangelho da salvação em Cristo aos perdidos. E estes irmãos saíram por amor ao Senhor Jesus, eles deixaram suas terras, suas rendas, seus empregos, e talvez até suas famílias, levar a palavra de Deus aos perdidos. E eles foram elogiados por que não receberam nada dos gentios (incrédulos). O texto não fala que eles não pediram, antes que eles não aceitaram. Talvez alguma pessoa descrente até ofereceu algo para eles, mas eles para não causar escândalo ao evangelho, não receberam tal ajuda.

f) Deve se haver reconciliação com os irmãos antes de apresentarmos nossas ofertas, Mateus 5. 23-24. Se dois irmãos em Cristo tiverem qualquer desavença eles devem se reconciliar primeiro antes de ir e apresentar a sua oferta ao Senhor. Se a igreja sabe que há problema entre dois irmãos e aceita a oferta de ambos, antes que estes se reconcilie, ela está sendo conivente com o erro, e está sendo hipócrita, algo que mancha o testemunho da igreja local, e que traz escândalos para a obra de Deus.

III. O propósito da contribuição financeira.

1. O sustento missionário, 1ªCoríntios 9. 1-15, 18-19: 2ªCoríntios 11. 5-10.

1) Missionários não são somente os que fazem missões transculturais, todos os crentes são missionários, porem existe aqueles que devido o seu chamado ele precise dedicar-se integralmente a obra. Neste caso existem os:

1) Evangelistas, 1ªCoríntios 9. 14.

2) Os ensinadores Gálatas 6. 6:

3) Os presbíteros 1ªTimóteo 5. 17-18.

4) Até no caso os diáconos, 1ªTessalonicenses 5.12-13.

2. A filantropia, ou seja, ajuda aos necessitados materiais, Atos 11. 27-28; 20.25: Romanos 15. 26-27: Efésios 4. 28: Gálatas 6. 10.

3.A manutenção dos bens materiais da igreja, tipo salão de reuniões, veículos, pão da ceia, vinho, objetos de limpeza e etc.

4. Realizações de eventos, conferencias, encontros, viagens, confraternizações e etc.


IV. Os que administram as finanças da igreja.

1. Devem ser pessoas escolhidas pelo presbitério da igreja, ou reconhecidos pela sua integridade e honestidade pela mesma, Atos 11. 27-30; 12. 25: 2ªCoríntios 11.16-24.

1) Neste caso podemos destacar alguns fatos importante.

a) Deve ser mais de um irmão que cuide deste serviço, Atos 11. 30: 2ªCoríntios 8. 16, 18, 22.

b) Eles são ministros do evangelho, Atos 12. 25: 2ªCoríntios 8. 19, 23.

c) Eles devem ser zelosos, honestos e transparentes, 2ªCoríntios 8. 20-22.

d) Eles devem ser homens cheio do Espírito Santo e de sabedoria, Atos 6. 3.


V. A recompensa para este importante ministério.

1. Os galardões, Mateus 6. 19-21; 10. 40-42: 1ªCoríntios 3. 10-15; 13. 1-3.

2. Bênçãos materiais, 2ªCoríntios 9. 8-11: Felipenses 4. 14-20.

Que Deus na sua infinita graça e misericórdia diante destes fatos possa abrir nossa mente, e o nosso coração para que exerçamos esta importante função que é contribuir financeiramente para a Sua Obra. Amém.

Este artigo é um esboço, qualquer duvida, deixe seu comentário, e teremos o privilegio de esclarecer suas duvidas. 

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Fé Como Um Grão de Mostarda

"Respondeu-lhe o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá" (Lc 17.6).

"Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível" (Mt 17.20).
Que pensamentos e emoções invadem o nosso coração quando lemos essas afirmações do Senhor Jesus? Estamos de fato firmemente convictos de que isso se cumprirá literalmente com uma ordem nossa, fazendo uma amoreira ou um monte se transplantarem de um lugar a outro? Ou reagimos justamente ao contrário, simplesmente rejeitando essas afirmações e dizendo que isso não é possível?
Infelizmente, são justamente essas afirmações de Jesus que criam em muitos crentes uma sensação de fraqueza interior, pois quase automaticamente vem o pensamento: "isso não é possível!" Pelas leis da natureza, infelizmente, é o que acontece com essas passagens das Escrituras; em princípio, sempre despertam dúvida e incredulidade, levando-nos à humilhante constatação de que não entendemos direito o que a Palavra quer nos dizer.
Por isso empenhemo-nos para entender qual é, afinal, o sentido espiritual mais profundo das palavras de Jesus especialmente em Mateus 17.20.
Em primeiro lugar, quero dizer que em nosso texto: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível", não se trata de uma grande fé, mas de uma grande façanha, de um ato grandioso! Essa afirmação é totalmente contrária à interpretação tradicional que sempre fala de uma fé tão grande que muda um monte de lugar. Mas repito: aqui prioritariamente não se trata de uma grande fé, mas de uma grande ação pela fé!
Afinal, que fé é esta, que pode ter um efeito tão impressionante como o deslocamento de um monte? Será que é uma fé imensa, sistemática, objetiva, planejada, convincente, que não vê empecilhos, e que de maneira soberana supera tudo o que atravessa o seu caminho? Uma fé que move montanhas evidentemente poderia ter tais características. Mas o Senhor Jesus não fala de uma fé desse tipo. Então, que fé é esta, que tem – como Jesus expressa figuradamente – a condição de transferir montes? A esta fé capaz de fazer grandes façanhas, o Senhor Jesus chama de:

Fé como um grão de mostarda

Grãos de mostarda
"Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível". O que é um grão de mostarda? Em Marcos 4.31, ele é chamado de "...a menor de todas as sementes sobre a terra". De fato ele tem um diâmetro de apenas 0,95 -1,1 mm. Esse pequeno grão de semente, que tem de ser observado com uma lente se quisermos vê-lo nitidamente, é considerado pelo Senhor como exemplo para uma fé que é capaz de mover montanhas.
Por que Jesus considera justamente esse pequeno grão de mostarda como exemplo para uma fé pela qual podem acontecer grandes coisas? Pelo fato desse pequeno grão de semente ser capaz de ilustrar o que significa transportar montes. Esse grão de semente extremamente pequeno, que quase não pode ser visto a olho nu, no espaço de um ano se transforma num grande arbusto, numa pequena árvore com galhos de cerca de 2,5 a 3 metros. Portanto, como são diminutos os pré-requisitos para um resultado tão grande num minúsculo grão de semente, onde aparentemente nada existia. No entanto, justamente estas condições mínimas são um exemplo que o Senhor usa para ilustrar uma fé que é suficiente para remover montanhas! Essa "fé como um grão de mostarda" não aponta de maneira clara para a nossa fé, que muitas vezes é tão fraca e pequena? Com isso, de maneira alguma quero desculpar nossa repetida incredulidade dizendo simplesmente: afinal, só tenho uma fé bem pequena, como um grão de mostarda! Quero lembrar que muitos de nós, repetidas vezes, já tivemos a impressão de que nossa fé era assim tão pequena e insignificante, e isso pode provocar dificuldades consideráveis. Assim mesmo, essa é justamente a pequena fé, quase imperceptível, que, segundo as palavras de Jesus, tem o poder de transpor montes.

É necessário mudar o raciocínio!

Oração de fé
Será que, às vezes, não imaginamos algo errado quando pensamos na fé que precisamos ter para viver como cristãos verdadeiros? Todos nós nos defrontamos diariamente com situações, perguntas e problemas que se avolumam como montes. Não é justamente nesses momentos que aspiramos de todo o coração ter mais fé, ter uma fé maior, a fim de vencermos tudo isso? É justamente aí que muitos precisam aprender a mudar o raciocínio, pois Jesus diz: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá!" Em outras palavras: nossa fé não necessita ser particularmente grande para transferir montes – simplesmente é suficiente "termos fé".
Se o grão de mostarda tivesse a possibilidade de olhar para si mesmo e conseguisse se enxergar, teria tudo para desanimar, pois em si mesmo não teria nada a apresentar. E assim é também, muitas vezes, em nossa vida: olhamos para nós e vemos uma fé relativamente pequena, limitada, e então ficamos desanimados. Mas o grão de mostarda não faz isso. Ele não olha para si mesmo para então desanimar. Não, ele simplesmente se deixa plantar na terra, ali começa a crescer, e finalmente se torna aquilo que deve ser, ou seja, uma árvore em cujos ramos "aninharam-se as aves do céu" (Lc 13.19).
Ao mesmo tempo é de se considerar que o grão de mostarda não se torna uma árvore porque empreendeu grandes esforços, mas simplesmente porque torna ativo e aplica o que possui! Oh!, como seria bom se compreendêssemos hoje que, com todas as nossas fraquezas, dificuldades e tentações diárias, simplesmente podemos nos aquietar com fé infantil na mão de nosso Salvador! Que modificação isso provocaria em nossa vida espiritual!
Simplesmente creio que, muitas vezes, caímos no erro de ter conceitos errados acerca da fé. Na verdade, é a fé singela na obra consumada de Jesus Cristo que consegue nos levar adiante e que, a cada dia, nos conduz para uma comunhão mais profunda com o Cordeiro de Deus, e não o esforço da nossa alma em crer bastante.
Em nossa vida como cristãos não precisamos nos estender buscando novas formas e grandezas de fé, mas simplesmente ter e usar a fé pela qual fomos salvos, ou seja, a fé simples no Senhor Jesus Cristo. Nesse contexto, leia novamente o que Davi diz no Salmo 18.29: "Pois contigo desbarato exércitos, com o meu Deus salto muralhas". Ou veja também o que ele diz nos Salmos 60.12 e 108.13: "Em Deus faremos proezas, porque ele mesmo calca aos pés os nossos adversários". Essas afirmações testificam de uma fé poderosa e vencedora que Davi tinha? Eu penso que não, pois Davi era um homem com fraquezas e erros como nós. Ainda assim, esses versículos testemunham que Davi se agarrava com toda a simplicidade ao seu Deus e por meio dEle podia fazer grandes proezas.
Ou lembremos de 1 João 5.4: "Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé". Que fé é essa que vence o mundo? É uma fé poderosa, forte, que supera tudo? De modo algum! A fé que vence o mundo é a fé singela, que muitas vezes não se sente; é a fé sacudida e posta à prova, mas assim mesmo firmada no sangue reconciliador e salvador de Jesus Cristo! Isso é tudo! Essa fé não se apóia no que sentimos ou percebemos, mas naquilo que sabemos, ou seja, que Jesus venceu o mundo (Jo 16.33b), e que de fato somos filhos de Deus. Essa é a fé que remove montanhas!
Como seria bom se compreendêssemos hoje o que significa de maneira bem prática nos contentarmos com a fé simples como um grão de mostarda. Então muitos de nós mudariam totalmente sua vida espiritual teimosa e pouco inteligente! Que de uma vez por todas reconhecêssemos que o caminho da fé é simples; que não se trata de fazer grandes esforços espirituais, mas simplesmente de confiar naquilo que nos é oferecido em Cristo!

Grandes resultados da fé como um grão de mostarda

Monte
Em Isaías 42.3 está escrito: "Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega". Essa é uma profecia messiânica que é confirmada no Novo Testamento (Mt.12.20) de maneira direta em relação a Jesus Cristo, e por isso já se tornou grande fortalecimento para muitos filhos de Deus. Essas palavras também são uma figura de uma pessoa que possui fé como um grão de mostarda. Pois a cana quebrada ainda não foi esmagada, está apenas quase partida, e uma torcida que fumega ainda não está totalmente apagada. Nesse sentido essas palavras apontam para a fé mais pequena possível que uma pessoa pode possuir, fé como a de um grão de mostarda.
O que vimos no caso do grão de mostarda? Que ele não tem quase nada a oferecer, mas oferece tudo o que tem, e por meio disso experimenta grandes resultados!
Meu irmão, minha irmã, você compreende o que o Senhor quer lhe dizer com isso? Talvez você leia esta mensagem com o estado interior de uma "cana quebrada" ou de uma "torcida que fumega". Você se sente interiormente fraco e miserável, e em seu interior só resta uma fé ínfima, do tamanho de um grão de mostarda? Você se sente assim porque diante de sua alma se amontoam grandes montanhas de angústias, preocupações e problemas. Mas agora escute bem: o fato de você se sentir como uma "cana quebrada" ou uma "torcida que fumega" prova que em você ainda existe algo. Pois uma cana quebrada ainda não está amassada, e uma torcida que fumega ainda não está apagada. Apesar de todos os montes de dificuldades que talvez neste momento existam à sua frente, você ainda tem uma centelha de fé. E é justamente isso que você tem que ativar agora, pois Jesus diz: "Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível". Todos estes montes, problemas e dificuldades podem ser "lançados no mar" se você ativar e aplicar sua pequena fé, embora ela seja como um grão de mostarda. Em outras palavras, isso acontece se você simplesmente vier agora a Jesus como você é. Ele não "esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega". Pelo contrário, no Salmo 34.18 está escrito: "Perto está o Senhor dos que têm coração quebrantado e salva os de espírito oprimido". Uma coisa, porém, você precisa fazer: você – "a cana quebrada" e "a torcida que fumega " – tem que buscar a Jesus como você é. Assim você torna ativa a sua fé como um grão de mostarda. E por meio disso você terá condições de "lançar no mar" todos os montes, preocupações e problemas. Incentivo você a vir ainda hoje, agora, a Jesus com o pouco que você tem – com sua fé como um grão de mostarda. Assim o Senhor poderá lhe encontrar de maneira totalmente nova, e fazer transbordar sua vida como talvez nunca aconteceu antes!
Nesse contexto, façamo-nos a pergunta:

Como aconteceu a alimentação dos cinco mil?

Pão
Para poder alimentar os milhares de ouvintes, os discípulos já haviam projetado um plano "muito bom": "Ao cair da tarde, vieram os discípulos a Jesus e lhe disseram: O lugar é deserto, e já vai adiantada a hora; despede, pois, as multidões para que, indo pelas aldeias, comprem para si o que comer" (Mt 14.15). O Senhor, porém, não havia esperado por uma proposta dessas, mas por outra bem diferente. Ele não necessitava dos estoques de gêneros alimentícios dos arredores para poder alimentar as milhares de pessoas. Ele procurou por alguém que tivesse fé como um grão de mostarda. Ele necessitava de uma pessoa que possuísse pouco, mas que estivesse disposta a dar ao Senhor o pouco que possuía. Por meio disso, Ele seria capaz de realizar uma grande obra.
E de fato estava presente "um rapaz" que, como está escrito em João 6.9, tinha "cinco pães de cevada e dois peixinhos", e que estava disposto a Lhe entregar esse pouco! E o que fez o Senhor com isso? "Então, Jesus tomou os pães e, tendo dado graças, distribuiu-os entre eles; e também igualmente os peixes, quanto queriam" (v. 11). Dessa maneira o Senhor Jesus Cristo alimentou cinco mil homens além das suas mulheres e crianças com cinco pães de cevada e dois peixinhos. Entendamos corretamente: Ele somente realizou esse milagre porque estava presente alguém – justamente esse rapaz – que demonstrou a fé como um grão de mostarda, entregando ao Senhor o pouco que possuía. Que montanhas de problemas e receios foram afastados dos discípulos e ao mesmo tempo lançados no mar! Eles viam montes enormes diante de si, pois como seria possível alimentar um número tão grande de pessoas? Eles também já haviam se preocupado em como poderiam afastar estes "montes". Mas Jesus não necessitava de nada disso. Ele apenas procurou a fé como um grão de mostarda que acabou encontrando nesse rapaz. Dessa maneira todos os montes de dificuldades e impossibilidades "foram lançados no mar".
Meu irmão e minha irmã, seja, ainda hoje, como esse rapaz: consagre ao Senhor o pouco que tem. Traga ao Senhor a sua fé como um grão de mostarda, e Ele virá ao seu encontro de maneira totalmente nova. Entregando o pouco de fé que você possui, Ele terá condições de "lançar no mar" as montanhas de sua vida, suas dificuldades e preocupações! Portanto, não é o tamanho de nossa fé que faz a diferença, mas a fé como um grão de mostarda num grande Deus! (Marcel Malgo – http://www.chamada.com.br)

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O DOM DE LINGUAS UMA PERSPECTIVA BIBLICA.



Autor: Desconhecido.

“Falarão novas línguas” (Mc 16.17).

Entre as promessas que o Senhor Jesus deixou, talvez seja esta a que mais tem chamado atenção nestes últimos tempos. De fato, é uma promessa notável que merece a nossa séria meditação, porque era uma coisa completamente nova que ainda não acontecera nem mesmo durante o ministério do Senhor Jesus aqui na terra.

Embora não encontremos o dom de línguas no Velho Testamento, seria bom lembrar que sempre houve línguas na terra. A Bíblia afirma que desde a criação até o tempo da torre de Babel havia no mundo uma só língua (Gn 11.1-9). Por causa do orgulho dos homens ímpios Deus confundiu a linguagem de toda a terra e, daquele lugar os dispersou por toda a superfície dela. Depois daquele dia, se alguém quisesse falar outra língua teria de estudá-la, como até hoje acontece. Veja, por exemplo, como Daniel estudou a língua dos caldeus durante três anos (Dn 1.4-6). Até hoje vemos o grande trabalho que as línguas dão aos homens. A “Missão Internacional das Escrituras”, com sede em Londres, publica atualmente as Escrituras em 350 línguas diferentes para uso em 150 países diferentes! Isto representa muito trabalho, estudo e despesa.

1. AS LÍNGUAS NOS EVANGELHOS.

O dom de línguas não foi concedido antes da morte de Cristo. A placa que foi colocada na cruz foi escrita em três línguas e serviu para que todos, judeus, gregos e romanos soubessem, nas próprias línguas deles que Quem estava morrendo naquela cruz era o Rei dos judeus.

É somente no fim do Evangelho de Marcos que encontramos a promessa de Cristo — “falarão novas línguas”— e é aqui onde tem início uma nova “confusão de línguas”! Podemos ter a certeza de que quando o Senhor Jesus Cristo fez esta promessa Ele não queria causar confusão. Vamos, então, examinar as Escrituras sobre o assunto, pedindo a Deus que nos dê conhecimento da Sua vontade e não confiando em nosso coração enganoso.

Em primeiro lugar devemos notar que a promessa das línguas foi feita com referência à pregação do Evangelho, e que não foi mencionada quando Cristo enviou os Seus discípulos a ensinar os novos convertidos (Mt 28-18-20). Devemos notar, também, que a outra promessa — “até a consumação do século” — constante do texto acima mencionado, não foi feita com referência aos sinais, mas ao ensino dos discípulos.

Em segundo lugar, é importante observar com cuidado o tempo dos verbos nos últimos dois versículos de Marcos 16. A única interpretação gramaticalmente correta do que Marcos afirma é que a promessa de Cristo sobre sinais e línguas fora cumprida antes de ter ele escrito o seu Evangelho.

2. AS LÍNGUAS NO LIVRO DE ATOS.

O que encontramos no livro de Atos é uma coisa inteiramente nova. Certas pessoas, pelo poder de Deus, receberam capacidade de falar em “novas línguas”, ou seja, que não eram suas línguas maternas, sem as terem estudado. Há três destes casos mencionados no livro: um em 2.5-13, outro em 10.44-48 e outro em 19.1-7. Possivelmente tenha ocorrido mais um caso em 8.14-19, mas ali não é explicado o que realmente aconteceu naquela ocasião. Seria necessário ter conhecimento destes casos antes de prosseguirmos em nossa meditação.

Não pode existir dúvida quanto ao fato de que o primeiro destes casos constitui-se em padrão para os demais, porque os outros casos despertaram lembranças daquele primeiro caso (veja At 10.47 c/ 11.17). Voltando para o caso de Atos 2, vamos considerar três perguntas importantes:

Pergunta 1. QUEM FALOU EM NOVAS LÍNGUAS?

Resposta: Os apóstolos “galileus” (1.11 cp 2.7).

Pergunta 2: QUE FOI QUE OS APÓSTOLOS FALARAM?

Resposta: “As grandezas de Deus” 2.8-11).

Pergunta 3: COMO FOI QUE PEDRO EXPLICOU AS NOVA S LÍNGUAS?

Resposta: Veja 2.17-21.

Para explicar aquele acontecimento Pedro citou a profecia de Joel 2.26-28, concernente a Israel, que eles, sendo judeus, conheciam muito bem. Ele demonstrou por este trecho do Velho Testamento que o sinal das novas línguas fora dado com o propósito de levá-los a “invocarem o Nome do Senhor para serem salvos”. Notemos aqui que Joel não falou de “novas línguas”, mas de outros sinais que não aconteceram naquele dia, nem até hoje. Todos os sinais que Joel profetizou somente acontecerão no tempo da grande tribulação, quando estiver bem próxima a vinda do Senhor “em poder e grande glória” (Mt 24.29-30), o que acontecerá depois da era da Igreja na terra (Ap 3.10). Temos de lembrar que Joel não escreveu para a Igreja, mas para a nação de Israel, e que a sua profecia ainda será plenamente cumprida para aquela nação. Notemos que quando os judeus incrédulos, atraídos pelas línguas, ouviram o Evangelho e, reconhecendo o seu pecado, perguntaram: “Que devemos fazer?”, não foram instruídos a falar em novas línguas, nem há qualquer evidência de que isto tenha acontecido. Eles simplesmente reconheceram os seus pecados, aceitaram a Palavra, foram batizados em água e perseveraram no ensino dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações (At 2.41-43). Os apóstolos ainda faziam sinais, mas as línguas não aparecem mais nas listas dos sinais praticados (At 4.16; 8.7).

Passando, agora, para os outros casos relatados em Atos, podemos facilmente observar que o sinal das novas línguas era muito raro, mesmo naqueles dias. O livro relata a história dos primeiros trinta anos da Igreja (aproximadamente), durante os quais aparecem apenas três referências e, possivelmente, mais uma, conforme já mencionamos. Há fatos importantíssimos ligados a cada um destes casos, que provam o caráter especial de cada um deles. A ocorrência do capítulo 8 foi por ocasião da conversão dos PRIMEIROS SAMARITANOS. No capítulo 10 o fato deu-se no dia da conversão dos PRIMEIROS GENTIOS. E no caso do capítulo 19 temos a conversão dos DISCÍPULOS DE JOÃO BATISTA que, por causa das suas circunstâncias especiais, não tinham ouvido da existência nem do Espírito Santo, nem da Igreja. Se conhecêssemos a situação social que naquele tempo prevalecia entre judeus, samaritanos e gentios, poderíamos entender melhor a necessidade que estes três grupos tinham de receber da parte de Deus este mesmo sinal, mediante o qual ficaria provado que TODOS eram aceitáveis em Cristo e, portanto, dignos da comunhão como irmãos no Senhor. A “parede de separação” que existia naquele tempo entre os judeus e as outras raças era um grande obstáculo ao plano divino de salvar “até aos confins da terra”, e a Igreja em Jerusalém demorou anos para compreender este plano que foi apresentado pelo Senhor em Atos 1.8. Notamos como Pedro, depois de ter pregado aos primeiros gentios foi argüido pela liderança da Igreja em Jerusalém (At 11). Realmente foi só no tempo de Paulo que o plano divino chegou a ser amplamente praticado, mas mesmo ele, por causa de pregar aos gentios, sofreu muita perseguição por parte dos judeus (At 21.17-40). Pode ser que o dom de línguas tenha sido concedido em outras ocasiões durante o período de Atos, mas temos muita razão em pensar que o dom das novas línguas não era comum naquele tempo e que era um sinal absolutamente necessário no início da Igreja, enquanto o plano divino para a mesma não era bem entendido. É bom notarmos também que em cada um dos casos mencionados em Atos, o dom foi concedido acompanhando a salvação das almas, como o Senhor prometera em Marcos 16. Notemos mais, que em nenhum daqueles casos alguém procurou o dom de línguas, pelo contrário, as pessoas agraciadas receberam-no com surpresa.

3. AS LÍNGUAS NAS CARTAS DOS APÓSTOLOS.

Depois do livro dos Atos temos vinte e dois livros no Novo Testamento. A maior parte destes são cartas escritas pelo apóstolo Paulo às igrejas em Roma, Corinto, Galácia, Filipos, Colossos e Tessalônica e para amigos pessoais como Filemón, Timóteo e Tito.

Estas cartas não foram escritas exatamente na ordem em que as encontramos na Bíblia, e os eruditos, especializados neste assunto, baseando-se em referências em Atos e nas cartas, como também em informações arqueológicas, informam-nos que as duas cartas à igreja em Tessalônica são as primeiras que foram escritas (51 a.D.), vindo a seguir Gálatas, 1ª e 2ª Coríntios e Romanos (entre 53 e 57 a.D.). Depois disto ele escreveu Filipenses, Efésios, Colossenses e Filemón (entre 60 e 62 a.D.). Finalmente, Paulo escreveu 1ª Timóteo, Tito e 2ª Timóteo (entre 63 e 67 a.D.), quando estava próximo à sua morte. Não sabemos com certeza quem escreveu a carta aos Hebreus, mas parece ter sido escrita entre 63 e 68 a.D.. Os outros oito livros do Novo Testamento foram escritos por Pedro (2 cartas), João (3 cartas e Apocalipse), Tiago e Judas. Quase todos estes livros foram escritos depois dos que foram escritos por Paulo, exceção feita a Tiago, que parece ter escrito bem mais cedo, entre 49 e 52 a.D..

Esta informação é importante porque é somente em um destes vinte e dois livros que aparece o assunto das “novas línguas”. Isto traz logo à tona uma pergunta importante: Se as línguas foram planeadas por Deus para a Igreja até a vinda de Cristo, por que há tão pouca menção do assunto nas cartas dos apóstolos? Outra consideração importante é que 1ª Coríntios, a única carta que trata do assunto, é uma das primeiras entre as cartas que foram escritas.

Agora podemos examinar o que Paulo escreveu sobre as línguas nos capítulos 12 a 14 daquela carta. Ao lermos os três capítulos podemos facilmente constatar que há uma seqüência importante: no capítulo 12 encontramos a lista dos dons concedidos à Igreja Primitiva e somos informados sobre quem os concedeu; no capítulo 13 verificamos que estes dons só têm valor quando são usados com amor verdadeiro; e, no capítulo 14, vemos a necessidade de controle e ordem no exercício dos dons, principalmente o dom de línguas, para que haja edificação e, não, confusão. Não duvidamos de que estes três capítulos foram escritos para corrigir a maneira como o dom de línguas estava sendo exaltado e a falta de ordem e reverência como ele estava sendo exercido na igreja em Corinto. Quem duvidar disto deve ler os três capítulos de uma só vez.

Alguns afirmam que o dom de línguas em Corinto devia ser diferente daquele de Atos, que temos considerado. Assim afirmam baseados em 1 Co 13.1, onde lemos: “Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos...”. Contudo, um pouco de atenção na leitura deste texto leva-nos a entender sem a mínima dificuldade que Paulo não afirmou que falava línguas de anjos. O que ele ensina é que, sem o amor, ainda que pudesse falar na língua dos anjos, nada seria. De igual maneira diz ele no versículo 2: “Ainda que tenha eu tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei”.

Ninguém imagina que Paulo estivesse falando literalmente em transportar os montes pela fé, mas qualquer um entende sem a mínima dificuldade que ele usa aquela expressão em sentido figurado para dar ênfase à necessidade do amor.
O que podemos dizer é que a maneira de exercer o dom de línguas em Corinto é que era diferente do que vemos em Atos e foi exatamente por causa desta diferença que Paulo achou necessário escrever estes três capítulos. Os irmãos da igreja em Corinto não estavam entendendo o propósito de Deus em conceder aquele dom. Eles pensavam que o dom de línguas manifestava uma espiritualidade superior e era, por isso, o mais importante de todos os dons. Paulo usa vários argumentos para corrigir este pensamento. Em 12.10 ele mostra que o dom de línguas não foi concedido a todos, mas somente a uns poucos. Nos versículos 8 a 10 aparece sete vezes a expressão “a outro”, demonstrando como, mesmo naquele tempo, somente uma pequena fração dos salvos possuía o dom de línguas, fato este que ocorria igualmente com relação a todos os outros dons mencionados. Nenhum deles era concedido a todos, mas cada um deles era outorgado a um pequeno número dos fiéis. Portanto, seria inútil alguém procurar um dom que não tinha recebido. Isto é reforçado nos versículos 28 a 30, onde podemos observar também que na lista dos dons há uma ordem demonstrada. Tal ordem não pode ser cronológica porque no livro dos Atos o dom de línguas não foi o último, mas o primeiro dom manifestado. Contudo, notamos que, ao tratar do assunto em 1ª Coríntios, onde os dons são apresentados em ordem seqüencial de acordo com a importância de cada um para a edificação da igreja, o dom de línguas aparece em último lugar.

Em 1 Co 13.8 Paulo deu-lhes uma outra razão para que não dessem às línguas um valor exagerado, além do propósito de Deus: “Havendo línguas, cessarão”. Alguns entendem que isto acontecerá numa ocasião futura, quando o Senhor Jesus voltar e, em defesa deste argumento, invocam o versículo 10: “Quando vier o que é perfeito...”. Para os tais, a palavra “perfeito”, ali, refere-se à perfeição do céu. Portanto, no entender dos tais, as línguas continuarão a existir até chegarmos ao céu. É verdade que somente no céu haverá perfeição absoluta, mas na Bíblia a palavra “perfeito” geralmente tem outro significado. Lendo, por exemplo, Mt 5.48, 19.21, 21.16; Cl 1.28, 4.12; 2 Tm 3.17; Hb 6.1, etc., verificamos que a palavra “perfeito”, naqueles versículos, expressa claramente o sentido daquilo que é “completo”, sem faltar nada. Também a expressão “face a face”, no versículo 12, poderia levar-nos a pensar naquele dia glorioso quando veremos nosso Senhor Jesus face a face. De fato, isto vai acontecer, mas não é este o sentido da palavra neste versículo. Paulo a emprega em contraste com a expressão “agora vemos como em espelho”. “O “espelho”, aqui, não tem sentido real, mas figurativo, e significa que quando ele escreveu havia muitas coisas concernentes ao plano de Deus e à Igreja que ainda não tinham sido claramente reveladas. Os espelhos nos dias de Paulo eram de bronze polido e refletiam uma imagem de qualidade inferior aos espelhos de hoje, que, em comparação, mostram a nossa imagem “face a face”.

Assim, esta expressão deve ser também entendida figurativamente e significa que viria o tempo quando haveria uma revelação exata sobre o plano de Deus para a Sua Igreja. Esta revelação só pode ser a Palavra de Deus, a Escritura do Novo Testamento, que não existia naquele tempo. Havia apenas dois ou três livros do Novo Testamento quando Paulo escreveu a carta aos coríntios. Podemos imaginar a dificuldade que isto trazia para as igrejas que ainda dependiam das palavras faladas pelos apóstolos e profetas.

Quantas perguntas e dúvidas existiam nas mentes dos novos convertidos. Mesmo Paulo nunca teve o privilégio de ler o Novo Testamento completo como nós temos! Mas em 1 Co 13 há mais uma razão para nos convencer de que a expressão “línguas cessarão” refere-se aos dias imediatamente após aqueles em que Paulo estava escrevendo. No versículo 13, lemos: “Agora permanecem a fé, a esperança e o amor”. Perguntamos: Até quando haverá necessidade de fé e de esperança? Será que precisaremos destas coisas depois da vinda de Cristo? Cremos que não. Concluímos, então, haver neste texto duas coisas que Paulo considerava permanentes, mas que, sabemos, continuarão até à vinda de Cristo. Deve ser bem claro, então, que quando disse que “as línguas cessarão”, ele referiu-se a um tempo bem anterior à vinda de Cristo. Devemos notar que há três grupos de coisas no capítulo que têm durações diferentes:

1) Três coisas que cessarão logo após o tempo em que a carta foi escrita: profecias, línguas e ciência (v.8).

2) Duas coisas que permanecerão até à vinda de Cristo: fé e esperança (v. 13).

3) Uma coisa que dura para sempre e por isso é “excelente” — o amor (v.13).

Pensando em 1 Co 14, vemos como Paulo exortou aquela igreja a ter uma atitude mais madura com respeito aos dons espirituais, especialmente o dom de línguas. Notemos os seguintes pontos do seu argumento:

Vv. 1-9 — A inutilidade de falar línguas desconhecidas na igreja sem a devida interpretação. Esta ação é comparada a instrumentos mal executados, que só fazem barulho e não têm qualquer sentido.

Vv. 10-11 — As “novas línguas” não são vozes de outro mundo, mas são vozes usadas em outras partes do mundo, embora sejam “novas” para quem as fala.

Vv. 12-19 — A necessidade de ser a língua falada entendida por quem a fala, a fim de poder dar a interpretação. Nisto vemos um progresso em relação ao que lemos em 12.10, onde era OUTRO quem dava a interpretação. Agora Paulo exorta a que o mesmo irmão que fala explique aos presentes o que falou na nova língua. Note, também, que CINCO palavras entendidas valem mais do que DEZ MIL palavras em outra língua.
Talvez a carta inteira de 1ª Coríntios nem chegue a dez mil palavras! Seria muito grande o esforço despendido para falar tudo isso, mas seria tudo em vão se não fosse compreendido.

Vv. 20-25 — O propósito das “novas línguas” era sempre convencer os incrédulos presentes na reunião, como aconteceu em Atos 2. A tentativa de modificar este propósito certamente resultará em confusão.

Vv. 26-35 — A necessidade de controle e limite na reunião a fim de manter a ordem e a reverência. Somente dois devem falar em outra língua, cada um por sua vez, e com interpretação. Aqueles que falam devem estar controlados pela sua mente e, não, pela emoção. As mulheres devem ficar caladas na igreja.

Vv. 36-40 — Estes ensinos não são idéias particulares de Paulo, mas são a Palavra do Senhor para a Sua igreja, não só em Corinto, mas em toda parte.
Depois de receber exortação tão forte alguém poderia facilmente proibir totalmente o uso deste dom, mas tal não era o propósito de Paulo, pois àquela altura o Evangelho era pregado sem o auxílio dos livros do Novo Testamento que agora temos, e aquele dom era ainda muito útil para convencer os incrédulos da verdade do Evangelho.

Cremos que a igreja em Corinto obedeceu às exortações recebidas, porque o assunto línguas não é mencionado na segunda carta que foi escrita logo depois. De fato, não aparece mais na Bíblia. Em vão procurará alguém mais referência a este dom nos vinte e um livros restantes do Novo Testamento. O aparecimento das “línguas” entre os “crentes” é coisa comparativamente nova, pois disto não há nenhuma menção na História da Igreja durante muitos séculos. Por isso, devemos perguntar se o que está acontecendo em nossos dias é realmente a manifestação do dom de línguas mencionado na Bíblia, ou o cumprimento das profecias que anunciam que nos últimos dias haverá na igreja imitações que, se fosse possível, enganaria aos próprios eleitos (Mt 24.24; 1 Jo 4.1; Apo 16.13-14).

Há fundamentadas razões que nos conduz a esta última conclusão. Nesta questão de línguas há uma acentuada diferença entre o que lemos na Bíblia e a confusão que atualmente se verifica onde se supõe existir quem fale em “outras línguas”. Nesses grupos as pessoas são encorajadas a procurar o dom e ensinadas a começar a falar repetindo palavras muitas vezes até que venham a perder o controle sobre si mesmas.

Mas o que vemos na Bíblia é que o dom nunca foi procurado, ao contrário, sempre veio como surpresa. Afinal, se for necessário trabalhar e estudar para obter o dom, já não é mais dom!

Além disto, o fato de que este “sinal”, assim como outros, tem aparecido em grupos de pessoas reconhecidamente incrédulas também confirma esta conclusão. Cremos que a tendência atual continuará e aumentará com o aparecimento contínuo de novos “sinais” entre a cristandade e que, mesmo após o arrebatamento da Igreja verdadeira, eles continuarão com o propósito satânico de seduzir o mundo e levá-lo a confiar no anticristo. Por isso é necessário alertar os irmãos mais novos na fé sobre o grande perigo de participar em grupos que procuram estas coisas (Jd 22-23).

Em conclusão, é precioso observar que, como lemos em Apo 5.9, no céu não haverá nada de confusão de línguas: “E entoavam novo cântico, dizendo: “Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação...”. Todos os salvos deste mundo louvarão e adorarão ao Senhor Jesus Cristo em uma só voz. Não sabemos qual será aquela língua, mas quão bom é saber que não haverá mais confusão, porque não haverá mais pecado, que é a raiz de toda confusão nesta terra.


Sinais de perigo na Igreja Local.



Por Arnold Doolan.



Estes são alguns sinais de perigo, por não estar em conformidade com a Vontade de Deus para o seu povo, se existirem em alguma igreja local:
Existe algum destes sinais na Igreja com que estás em comunhão?

1- Uma Igreja que dá ênfase extrema ao Espírito Santo acabando por não glorificar o Senhor Jesus? (João 16:14).

2- Uma Igreja com uma firme constituição, mas que falha na obediência como o caso de ser conhecedor das doutrinas, mas não praticante? (Ef. 5:14).

3 -Uma Igreja que ensina sobre a Bíblia, mas não ensina a Bíblia? (Rom. 10:17 e 2 Tim. 4:2).

4 -Uma Igreja que faz as coisas por despeito? (Fíl. 1:15-18).

5 -Uma Igreja liderada predominantemente por uma só família (isto chama-se nepotismo)? (Tito 1:5-11).

6 -Uma Igreja onde a mulher exerce autoridade sobre o homem, aberta ou secretamente? (Gen. 3:16-Ef. 5:22-1 Tim. 2:12-15 e 3:1).

7 -Uma Igreja com um ancião, ou obreiro, que atua como um "papa protestante"? A verdadeira Igreja de Cristo está pronta a seguir o Mestre mais do que um pastor. (Salmo 118;8-Mat. 20:28).

8 -Uma Igreja onde o crescimento é feito através da diversão em vez da edificação? (Rom. 10:17-1 Pedro 5:2).

9- Uma Igreja com um ou mais lideres que não aceitam ser "corrigidos"? (Prov. 9:7-9-25:12-29:1).

10 -Uma Igreja onde não existe um programa missionário? (Actos 1:8-1 Tess. 1:8)

11 -Uma Igreja desejosa de quantidade, mas cega no que respeita á qualidade? (Actos 2:47) (1 Cor. 3:6).

12 -Uma Igreja com a sua própria autodefinição de amor - e faltosa na disciplina aos membros quando é necessário? (Mat. 18:15-20) (Rom. 16:17-18).

13 -Uma Igreja que não se identifica como "separada do mundo"? (2 Cor. 6:14-18).